sábado, 26 de novembro de 2011

Modos Gregos: Abordagem Histórica - Parte 1

Olá galera guitarrística! Com eu realmente queria, dúvidas começaram a surgir, e essa, a cerca do post sobre os modos gregos. A questão levantada por Johnison Sanders, guitarrista da banda de Hardcore Noscopia, se trata da similaridade ou mesmo igualdade que existe entre escalas de modos diferentes e sua aplicação em acordes de outros modos do campo da tonalidade estudada. Essa dúvida me forçou a buscar embasamento não só teórico, mas também histórico. Se trata de falarmos dos modos gregos desde sua origem, abordando os fatores funcionais harmônicos e suas escalas, que são relacionadas não só aos acordes do campo, mas também da função harmônica presente na progressão de um tema ou na canção inteira. Como esse tema é bem extenso, peço um pouco de paciência aos leitores, pois irei postar de forma fracionada, pra que possamos dinamizar a leitura dos posts e assim, criarmos um ambiente onde possamos analisar cada pedacinho de conteúdo, afim de irmos esclarecendo as possíveis dúvidas que surgirão e enriquecendo nosso conhecimento.

Modos gregos - Um pouco de história

Como o nome já diz, os modos gregos foram desenvolvidos na Grécia antiga, onde cada região possuía sua forma exclusiva de organização sonora. Nesse período, a música que era mais fortemente utilizada em ritos religiosos, obedecia à questões culturais e tradições inerentes à sua região. Sendo assim, cada modo recebeu o nome do lugar de sua possível origem, e trouxe consigo as características específicas de cada lugar.
Os modos, que nada mais são do que uma forma de organização dos sons naturais, trazem características do povo, de suas manifestações culturais e sua forma de pensar, o que torna importante o conhecimento da história de cada região. Vou tentar resumir um pouco do histórico de cada local que nomeia os modos, e à frente, vamos relacionar essa questão histórica à sonoridade e intensão de cada modo dentro do campo harmônico.

. Jônico (Jônia ou Iônia)
Região grega que teve destaque por ser local de nascimento de filósofos e pensadores de uma época conhecida como “pré-socráticos”. Os povos da região jônica, foi o primeiro de língua grega a relacionar-se com semitas, turcos e persas, que foram muito importantes da difusão da língua grega pelo Oriente e Ásia Central. De origem, indo-europeu que migrou para a Grécia por volta de 2.000 a.C. Com a chegada dos dórios, na Península do Peloponeso, milhares de jônios migraram para a Ásia Menor, fundando na região várias cidades.
Os jônios participaram ativamente da expansão grega e colaboraram significativamente com o desenvolvimento da cultura na Grécia Antiga, principalmente, da ciência e do racionalismo.
Sendo um dos quatro povos que formaram o povo grego, a escola jônica filosófica foi uma das mais influentes no quesito estudos da natureza das matérias.

A escala da tônica foi nomeada como Jônia, pelo grau de importância da influência do povo jônico, que abriu as portas da Grécia no restante da Europa e da Ásia. Observando sua aplicação sonora, perceberemos como essa escala resolve um tema, ela é concreta e definitiva, sua formação é perfeitamente medida e definida, formando um ciclo que não provoca nenhum tipo de confusão da sua compreensão e por ser metricamente pensada, ela carrega consigo todo um propósito filosófico.  

No exemplo abaixo podemos ver a escala Jônia em seu desenho mais comum, que é utilizado sobre o acorde Tônica maior, que nomeia a escala. Nela, observamos a formação da tríade maior que forma o acorde de primeiro grau. Note também como essa escala foi bem calculada, ela se resume em si mesma, dividindo-se em 2 tretacordes de intervalos exatamente iguais.

Essa escala foi o princípio do estudo das escalas diatônicas, ela é perfeitamente calculada. Se você for bom de matemática, pode utilizar a mesma regra de frações utilizadas pelos gregos para encontrar cada intervalo. Tudo isso começou com Pitágoras, que decidiu analisar metricamente a vibração de uma corda sobre um corpo ressonante. Ele percebeu que dividindo ao meio, a corda soava uma frequência exatamente igual a primeira com uma entonação mais aguda, que seria uma oitava acima. A partir daí, foi-se fracionando essa corda e encontrando os demais intervalos que foram organizados buscando um sentido que pudesse se completar em um ciclo, que soasse musical e agradável. Mas isso já outro tema que poderemos abordar depois.
Espero que a partir daqui possamos ir desenvolvendo uma visão bem mais abrangente das escalas e modos, e, na sequência, irei postar breves históricos dos demais povos gregos que denominaram cada escala dos modos. Lembrando, que as dúvidas podem ser expostas através de comentários. Até lá.   

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