domingo, 14 de dezembro de 2014

Indescritível

   "Indescritível", é o sentimento de ter presenciado um encontro de gênios numa agradável noite chuvosa de sexta. Esse encontro, juntou no mesmo ambiente figuras abençoadas com o dom de mexer com as emoções dos apaixonados por boa música.


   Na companhia dos amigos Franco Mathson e Erick Arthur, fui à Casa da Ribeira ouvir Jubileu Filho e suas melodias contagiantes, mas esperando o bom e velho "Jubila" de sempre. Chegando lá encontro um novo Jubileu, com um timbre renovado, uma pegada Rock forte, overdrive hi gain, sua Fender modificada, modernizada. Jubileu explorando alavanca, taping, isso pra mim foi inédito. O que foi aquilo? Simplesmente fantástico!


    Acompanho a carreira de Jubileu Filho há muitos anos, já assisti diversas apresentações e já ouvi vários discos gravados com a participação do mesmo e ainda seus próprios. Sua técnica apurada e seu feeling sempre foram destaque na música Potiguar, no entanto, em minha opinião, o timbre de Jubileu estava limitado ao clean sound do jazz, em Solar Bela Vista por exemplo, apesar de ser a canção mais rock do repertório antigo, era notório a pegada e sonoridade jazzy mesmo usando um overdrive, me parecia que drive e Jubileu não combinavam. Posso afirmar que minha opinião tomou um novo sentido.
    O que vi e ouvi na Casa da Ribeira, nesta sexta-feira dia 12 de dezembro de 2014, foi um guitarrista de rock tocando frevo, choro, samba e jazz. Encantado com as belíssimas canções autorais, não posso negar a satisfação de ter ouvido duas versões com execução fantástica dos caras. Caras? É, Jubileu não esteve sozinho. Nessa noite feliz, a "bandinha" que o acompanhava trazia somente Darlan Marley de batera, Erick Firmino no baixo, e, Cacá Veloso ensinando o que é tocar guitarra base.
     

   Cacá, foi pra mim um show a parte! Não quero me deter a falar do grande cara que ele é, mas dedico um momento para descrever o músico que é ele. Se você já ouviu a expressão Background, sabe que quanto a citamos, dizemos que é tudo que está preenchendo o cenário, mas sem ofuscar o primeiro plano. Então, esse é Cacá. O background! O cara transformou a guitarra em um pad, que preencheu perfeitamente tudo o que faltava da cama feita por Darlan e Erick, no entanto, seus acordes certeiros e ainda suas melodias e contracantos, em momento algum feriam as melodias soladas por Jubileu e seu convidado Zé Filho.
    Zé Filho, se você ainda não o conhece, com certeza deixou de viajar na criatividade de um guitarrista fenomenal. Agora, imagine juntar o melhor da Paraíba com o melhor do Rio Grande do Norte, o que isso dá? Música da mais alta qualidade.


     Zé trouxe da Paraíba seu timbre inconfundível, que adorna as nota que ele insiste colocar no lugar certinho, sem exageros ou excessos e sem deixar faltar nada. Seu sorriso e simpatia completaram o palco que de tão perfeito, só cabia ele mesmo. Só fiquei com pena de não ter ouvido Baião e Q-out, as minhas preferidas do Zé. Mas, como a noite era de Jubileu, espero um dia ter a oportunidade de assistir Zé em sua totalidade, e se possível, com participação do nosso querido Jubila.
    Como se não bastasse, pra terminar a noite e me deixar dormir sossegadíssimo, fechou o show o Duo Talfic. Sobre esses dois só digo uma coisa: ponha o disco pra tocar, abaixe as luzes, feche os olhos e sinta aquela fusão perfeita de piano e violão nylon invadirem a sua alma, enchendo a sua cabeça de paz.
    Se você não foi, o meu lamento e desejo de que surjam mais dessas oportunidades para que assim como eu, também possas vivenciar uma noite de música instrumental indescritível.

Vá desculpando os termos e nomes citados, caso haja erros na sua grafia. As fotos e o vídeo foram cedidas gentilmente pelo parceiro Franco Mathson.